Andava mesmo melancólico! Pesaroso, até...
A vida seguia o seu rumo e as férias já não passavam de uma recordação.
Já me tinha apercebido disto há alguas semanas, mas só hoje, no elevador, tomei consciência da melancolia que isso significa; ou melhor, fui relembrado desta melancólica realidade por uma simpática, irritante e extremamente bronzeada criatura que, de branco vestida, meteu conversa quando entrei no elevador logo pela manhã.
Não me interpretem mal: não sou antissocial e, de vez em quando, até gosto de meter uma boa converseta com simpáticas e extremamente bronzeadas criaturas; mas nunca às 8h30 da manhã (ou madrugada, conforme o fuso horário interno de cada um) com semelhantes conversas e quando parecem precisar de um bagaço para fortalecer a voz.
Muito menos se o animal em causa começa com o célebre "Tá fresquinho, não tá?" imediatamente antes de, sem me permitir resposta e com um sorriso que só a imbecilidade permite, atirar com "E as suas fériazinhas? Já acabaram?"!
Como gosto especialmente de conversas com diminutivos parvos, suspirei: "Já! E foram curtinhas", pensando assim ter cumprido a minha obrigação social de bom coleguinha de elevador. Mas a fera não se deixou ficar... Nem o meu melancólico (sim, estou a repetir muitas vezes o adjectivo porque fiquei mesmo MELANCÓLICO) olhar a impediu de vomitar : "Pró ano há mais... Mas eu ainda tenho uns diazinhos neste mês!", deixando escapar uma espécie de meio sorriso/meia gargalhada.
Enquanto pensava se a deveria simplesmente esbofetear ou partir de imediato para o espancamento, abriu-se a porta e a irritante, bronzeada e simpática criatura despediu-se com um "Bom dia e bom trabalho!"; presenteando-me com mais um meio sorriso/meia gargalhada, virou costas e saiu do elevador.
Andava mesmo melancólico! Revivia vezes sem conta as férias, que há muito já lá vão. Agora, após pensar friamente neste episódio, não posso deixar de partilhar convosco a reflexão que me invadiu quando a irritante, simpática e extremamente bronzeada criatura saiu do elevador...
Abençoado seja quem inventou o fio dental!
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11 comentários:
E, por momentos, lá se foi a melancolia, certo?
Como te entendo! De manha poucas palavras, se faxabori!!!
Mas...as merdas que um gajo repara...fio dental...hahahahaha
És dos piores casos que conheço de "sonolite aguda". E que tal deitar mais cedo? Quem sabe se a criatura não era de se aproveitar???
Companheiros Athos,
Como me alegro de ler a tua singela descrição da agonia pós-férias, como te entendo meu caro, ai como te entendo...
Telefone da criatura, não há?
Ana:
Ir, ir ... não foi!
Mas quase... por um fio!
Gaja boa 2:
Quando alguém se põe a papaguear e não queremos dar-lhe corda, regra geral olhamos para baixo ou para cima; nunca encaramos a pessoa.
Eu, felizmente, olhei para baixo...
E no caso do cenário da simpática criatura de que vos falo, teria que estar comatoso ou em hibernação para deixar de reparar.
Babe:
Não é bem sonolite aguda. É mais irritabilidade matinal, condição que se agrava seriamente em ambientes de papagaite aguda.
Quanto à criatura, que realmente é titular de uma estampa física invejável, ainda ontem me cruzei com ela e apercebi-me que
os meios sorrisos/meias gargalhadas são imagem de marca.
E não há nada que se possa fazer contra isso.
Como diria o meu fiel companheiro de desventuras deste blog, é um verdadeiro Turn Off!
Porthos,
Telefone não temos, mas acredita: não aconselho ninguém a encostar o telemóvel às trompas de Eustáquio perante o risco daqueles meios sorrisos/meias gargalhadas.
Mas lembrei-me do Alô, Alô... Se houvesse um pratinho de queijo...
"Abençoado seja quem inventou o fio dental!"
Amem
Essa foi demais!
Gostei da tua pro-FUNDA reflexão! rs
Prazer em conhecê-lo!
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