Agradecimento Público às Revistas Cor de Rosa

Sem elas:

Não pararíamos por um minuto a nossa rotina diária, para junto à banca dos jornais passarmos os olhos nas primeiras páginas (quase todas iguais).

O dia da semana a que saem seria igual a todos os outros, com mais um euro e vinte e cinco no bolso (mais coisa menos coisa), mas sem o douto conhecimento das notícias, acontecimentos, amores, revelações e ódios que elas nos trazem.

O tempo que passamos no "trono", não seria o mesmo. Que mais podemos querer num momento privado que a companhia despreocupada da Princesa Letizia, da Floribela ou do José Castelo Branco na nossa casa-de-banho.

Os consultórios médicos não seriam os mesmos. Não teríamos distracção para o facto de dentro de minutos termos uma broca num dente ou irmos ouvir uma repreensão do médico ao nosso colesterol e às gorduras As grandes esperas tornar-se-iam insuportáveis e as secretárias correriam um maior risco de ser agredidas. As notícias de que a Elsa Raposo fez mais uma tatuagem, de que existe uma abóbora com 2 metros ou que a Bibá Pita foi pela primeira vez à praia este ano, não nos acalmariam a espera.

Essa grande enciclopédia que é o consultório médico da Maria não faria parte do nosso imaginário como o "Kamasutra do Povo".

Saberíamos que existem pessoas com os nomes (ou nome artístico) mais incríveis como a já referida Bibá, Kika, Mituxa, Carlucha, etc, etc, etc .

O número de iletrados seria bem maior em Portugal. São a leitura única na vida de várias pessoas, passando transversalmente por toda a sociedade, desde a mulher da limpeza, a esteticista, a empregada bancária, a médica e a acabando na primeira dama (em todos os sítios que se lê no feminino pode ler-se também no masculino).

As crianças não teriam revistas para recortar com todo o tipo de fotografias, e os trabalhos da escola iriam ficar bem mais pobres.

Não perderíamos tempo a tentar entender o que fazem na vida a maior parte das pessoas que aparecem nas fotografias das festas, e o que fazem de especial para serem convidados para as festas e terem de borla, aquilo que nós "o povo" temos que pagar, tal como férias nas caraíbas, telémoveis, relógios, jóias e bilhetes de cinema.

Não fazíamos planos para um dia irem fazer uma foto-reportagem a nossa casa como as que aprecem na segunda e terceira página de algumas delas, com pessoas que nunca ouvimos falar, mas que provavelmente são monetariamente abastadas.

A vida de todos não seria tão cor de rosa, porque não nos poderíamos abstrair da nossa vida, o que por vezes é necessário.